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Biomecânica é a disciplina que descreve, analisa e avalia o movimento humano do ponto de vista da física (mecânica). Então, a biomecânica ocupacional seria o estudo dos movimentos executados pelos trabalhadores durante sua atividade laboral e suas respectivas consequências sobre o corpo, avaliando a interação do homem com seu trabalho a partir dos impactos em seu sistema músculo-esquelético. É a área da biomecânica que possui como objeto de estudo o universo organizacional, atendo-se especialmente às interações músculo-esqueléticas, estáticas ou dinâmicas que o indivíduo adota em seu posto de trabalho e, analisa basicamente: posturas laborais; aplicação de forças e ergonomia.

Cada atividade realizada e sua intensidade no corpo do Trabalhador têm um determinado reflexo. Identificar quais são esses reflexos e como eles podem ser minimizados, eliminando seus efeitos nocivos, é um dos principais benefícios da biomecânica ocupacional, permitindo ajustar tarefas às habilidades e limitações dos indivíduos, prevenindo o esforço excessivo ou inadequado que possa gerar lesões. Em vez de o Trabalhador adaptar seu corpo à demanda da atividade, a biomecânica ocupacional permite ajustar a tarefa ao Funcionário, determinando os limites de segurança para que o Colaborador realize suas tarefas com o menor risco possível à sua integridade física.

Em relação a problemas musculoesqueléticos, principalmente em extremidades superiores, têm sido apontados como fatores de risco: trabalho físico pesado ou repetitivo, trabalhos prolongados no computador, posturas anómalas, estáticas, dinâmicas, baixo controle, entre outras (PUNNET, 2004). A importância da biomecânica ocupacional reflete principalmente nas relações entre a postura no trabalho e as dimensões corporais, adequando o equipamento ao que seria ideal para o trabalhador (SOUZA, 2010). Segundo VANICOLA et al. (2004), a análise das propriedades biomecânicas do aparelho locomotor, tais como postura, mobilidade articular e força muscular é um dos métodos utilizados pela Biomecânica Ocupacional para determinar as capacidades e os limites humanos sem a ocorrência do risco de lesões.

As disfunções musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho representam um dos grupos de doenças ocupacionais mais polêmicos, não sendo apenas uma exclusividade do Brasil e constituem um problema mundial. Nos Estados Unidos, o custo anual associado com diagnóstico e cuidados com trauma musculoesquelético somam dezenas de bilhões de dólares. O National Research Council Institute of Medicine dos EUA (2001) demonstrou que a cada ano aproximadamente um milhão de pessoas se afasta do trabalho nos Estados Unidos por disfunções musculoesqueléticas, o que gera gastos estimados em 54 bilhões de dólares anualmente, um enorme impacto na economia do país. (BARBOSA, L. P. C., 2016).

As disfunções de membros superiores possuem uma extensa variação de sintomas e condições clínicas agrupadas sob termos como: lesão por esforço repetitivo, disfunções por trauma cumulativo e Síndrome de Overuse Ocupacional. No meio científico, a tendência mundial é utilizar a denominação Work Related Musculoskeletal Disorders (WRMD), traduzida no Brasil como Disfunções Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, segundo a Norma Técnica para Avaliação da Incapacidade Laborativa em Doenças Ocupacionais. (BARBOSA, L. P. C., 2016).

Portanto, com músculos e articulações sendo exigidos dentro de parâmetros compatíveis com sua capacidade, a probabilidade de acidentes por fadiga, por exemplo, é reduzida. A biomecânica ocupacional atua no estudo do controle das patologias diretamente relacionadas à atividade laboral, aplicando a postura adequada e a carga certa para cada atividade, sendo possível reduzir sensivelmente as ocorrências de doenças ocupacionais pela melhora da qualidade de vida dos Funcionários e resultados positivos à Empresa, que experimenta uma série de vantagens, com a redução do absenteísmo, melhor produtividade e redução dos custos com a saúde.

Imagem fonte: Profº Gilson Oliveira Filho.