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A cervicalgia é causa comum de dor na população geral com prevalência de 10% a 15%, acometendo em torno de 67% a 70% de indivíduos adultos em algum momento de sua vida1. A incidência anual em adultos é de 14,6%, sendo que as mulheres têm maior probabilidade do que os homens de desenvolver dores cervicais e de sofrer com problemas cervicais persistentes. O uso de computadores e a sobrecarga de trabalho estão associados ao aumento de sintomas cervicais. Nos Estados Unidos, cerca de 92,2 milhões de pessoas utilizam o computador, e dessas, cerca de 63,9 milhões usam o computador para trabalhar. A cervicalgia pode causar incapacidade e alto custo para o sistema de saúde, contudo pouco se sabe sobre a história natural e a sua evolução. Além da dor, podem haver queixas de limitação da amplitude de movimentos articulares e rigidez local, desencadeadas ou agravadas por movimentos cervicais bruscos ou posturas sustentadas do segmento cervical.

A reorientação ergonômica com o uso de suportes de antebraço, durante o período de trabalho em frente ao computador entre operadores de “call center”, demonstrou ser benéfica, com diminuição das queixas de desconforto cervical que ocorriam em 49% dos funcionários e que, após 12 semanas de uso do dispositivo, estavam presentes em apenas 18% deles (X2=5,05;p=0,008). Ainda que não seja estatisticamente significativo, a redução da proporção de operadores com queixas de pescoço já pode ser notada após seis semanas. A orientação ergonômica no ambiente de trabalho, associada ou não à orientação para atividades físicas, por meio de programa de palestras interativas mensais por seis meses, é capaz de melhorar a postura corporal e a adaptação do posto de trabalho e número de pausas no trabalho em relação a trabalhadores que não realizam essa intervenção. Acredita-se que esses fatores possam reduzir a incidência de sintomas de pescoço e membros superiores.

Um programa de ergonômica intensiva, individualizada e realizada no ambiente de trabalho com a visita de um fisioterapeuta especializado, mostra-se eficaz na redução das queixas de pescoço e membros superiores em trabalhadores de escritórios quando comparados a colegas de trabalho que recebem apenas uma cartilha de uma página sobre ergonomia no trabalho após dois meses da intervenção. Ainda aqueles trabalhadores que recebem palestras de uma hora em grupos pequenos e cartilhas com informações ergonômicas detalhadas também apresentam benefícios na redução de desconforto na região cervical em relação ao grupo de referência. Os trabalhadores que recebem o programa ergonômico intensivo apresentam diminuição de sintomas em mais regiões do corpo.

FONTE: DELFINO P.D, RAMPIM D.B, ALFIERI F, TOMIKAWA L. C. O,.FADEL G, STUMP P. R. N. A. G, IMAMURA S. T, IMAMURA M ,BATTISTELLA L. R, BERNARDO W. M, ANDRADA N. C. Cervicalgia: Reabilitação. Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.