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A hérnia de disco é uma frequente desordem musculoesquelética, responsável pela lombociatalgia. A expressão hérnia de disco é usada como termo coletivo para descrever um processo em que ocorre ruptura do anel fibroso, com subsequente deslocamento da massa central do disco nos espaços intervertebrais, comuns ao aspecto dorsal ou dorso- lateral do disco (Barros et al. ,1995). Os problemas oriundos dessa afecção têm sido as razões mais frequentes de dispensa do trabalho por incapacidade (Atlas et al.,2000).

Esse processo ocorre mais frequentemente em pacientes entre 30 e 50 anos, embora possa também ser encontrado e adolescentes e pessoas idosas e mais raramente em crianças (Garrido, 1993; Mayer et al.,1996; Obukhov et al.,1996; Bortolletoet al.,1998). A hérnia de disco é considerada uma patologia extremamente comum, que causa séria inabilidade em seus portadores e em vista disso, constitui um problema de saúde pública mundial, embora não fatal (Long et al.,1996). Estima-se que 2 a 3 % da população sejam acometidos desse processo, cuja prevalência é de 4,8% em homens e 2,5% em mulheres, acima de 35 anos. A idade média para o aparecimento do primeiro ataque é aproximadamente 37 anos, sendo que em 76% dos casos há antecedente de uma crise lombar, uma década antes (Bell et al.,1984; Della-Giustina, 1999).

Um número de fatores de risco ambiental tem sido sugerido, tais como hábitos de carregar peso, dirigir e fumar, além do processo natural de envelhecimento (Urban & Roberts, 1995).No entanto, em estudo retrospectivo, realizado por Battie et al.(1995b)10, esses fatores mostraram efeitos modestos no aparecimento da herniação, resultados esses que reforçam a teoria de que a etiologia de tal afecção pode ser explicada com base na influência genética, achados esses corroborados por outros autores (Varlotta et al.,1991; Scarpinelli, 1993; Matsui et al.,1992;Battie et al., 1995a; b; Urban & Roberts, 1995, Matsui et al.,1998;Sambrook et al.,1999). A dor que acompanha e caracteriza a hérnia de disco é geralmente causada por herniação, degeneração do disco e por estenose do canal espinal (Magnaes, 1999). Contudo, esses processos, por si só, não são responsáveis pela dor e, portanto, devem ser também contabilizadas a compressão mecânica e as mudanças inflamatórias ao redor do disco e da raiz do nervo.

Fonte: NEGRELLI, W. F. Hérnia discal: Procedimentos de tratamento / Disc Herniation: Treatments Process. ACTA ORTOP BRAS 9(4) – OUT/DEZ, 2001.

SINAIS E SINTOMAS

Os sinais e sintomas vão variar de acordo com a etiologia da hérnia que pode estar localizada na região cervical, torácica e/ou lombar. Se for um episódio agudo, traumático, e que geralmente atinge pessoas jovens, provocam dor repentina e grave. Nos casos crônicos os sintomas são mais graduais e frequentemente episódicos. Ambos podem estar acompanhados ou não de comprimento neurológico. Na hérnia aguda (traumática), quando há um comprometimento neurológico pode haver um período de arreflexia denominado “choque medular”. É um período de depressão reflexa transitória que resulta do desligamento abrupto das conexões entre os centros superiores e a medula espinhal. Há ausência de toda atividade reflexa, flacidez e perda da sensibilidade abaixo do nível da lesão. Podem durar diversas horas e até diversas semanas. A hérnia de disco poderá ocorrer de forma sintomática ou assintomática. Indivíduos sadios, submetidos a estudos tomográfico se à primeira ressonância magnética, demonstraram ter hérnia de disco, mesmo volumosa, sem ter tido jamais dor lombar ou ciatalgia.

AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA

Dra. Liliane Peixoto

A avaliação do fisioterapeuta deve começar pela anamnese, onde devemos detectar em qual estágio o paciente se encontra: Fase primária (ou aguda), secundária ou terciária.E se é pós-cirúrgico (identificando o tipo de cirurgia).A avaliação da dor também realizada: intensidade, duração, quando há melhora e piora. Avaliação postural –é importante, porque a coluna é o eixo do corpo e uma alteração seja na estrutura da coluna ou por uma dor, sempre altera outras regiões do corpo.

Avaliação neurológica –Deve avaliar equilíbrio e marcha, motricidade (força, tônus, reflexos profundos e superficiais, coordenação dos movimentos), sensibilidade, funções neurovegetativas e testes funcionais. A força muscular é classificada da seguinte maneira:

a)0 Paralisia total;

b)1 Contração palpável ou visível;

c)2 Movimento ativo, arco de movimento completo (AMC) com a gravidade eliminada;

d)3 Movimento ativo, arco de movimento completo (AMC) contra a gravidade;

e)4 movimento ativo, arco de movimento completo (AMC) contra uma moderada resistência;

f)5 (normal) movimento ativo, arco de movimento completo (AMC) contra resistência completa.

TRATAMENTO

Dra. Liliane Peixoto

O tratamento cirúrgico só deve acontecer quando o conservador não apresentar resultados. Tratamento cirúrgico: Weber (1983) demonstrou que os resultados de pacientes não operados e operados em quatro anos são semelhantes e iguais em dez anos, sendo que os operados obtiveram melhora significativa no primeiro ano pós-cirúrgico, comparados com os não operados

A fisioterapia visa: -Controle da dor, relaxamento dos espasmos, redução do edema e regressão da hérnia (tração alivia a compressão da raiz nervosa, favorece o estiramento longitudinal do anel fibroso e nos ligamentos longitudinais. A força centrípeta tende a mover o núcleo). Devemos permitir que a cicatrização ocorra na posição de lordose (hérnia cervical e lombar). Se isso acontecer há todas as probabilidades que a região posterior do anel cicatrize em posição encurtada e o núcleo é retido centralmente. Ainda o colágeno no disco cicatrizado segue as linhas de pressão necessárias para a função normal. O treinamento postural sempre deverá manter a lordose fisiológica. Quando a dor cessa deve ser ensinado a mover o tronco em todas as direções. A importância desses exercícios é que os tecidos da coluna, as cartilagens articulares e a raízes nervosas são movidos na excursão máxima. Isso evita aderências, ajuda o liquido a fluir e, portanto, a nutrição para todas essas escrituras. Como toda correção postural é global, ou seja, todos os nossos músculos são ligados indiretamente pelas “cadeias musculares” e os diversos grupos musculares motores que fazem parte do nosso corpo, agem simultaneamente e alternativamente pela contração (concêntrico) e pelo relaxamento controlado (excêntrico), ambos podem ser usados para o fortalecimento muscular.

Alguns métodos utilizados para o tratamento da hérnia de disco:

Todos os métodos podem ser eficazes desde que respeitem os limites fisiológicos e anatômicos. Utilizando vários métodos, o excesso de um pode preencher o vazio de outro, produzindo no final um tratamento mais eficaz. A prevenção deve ser quanto à má postura, pesos excessivos, fumo, obesidade, sobrecarga no trabalho e comprometimento emocional. Daí a importância não só do tratamento fisioterápico como também a fisioterapia preventiva em escolas, indústrias, empresas, comunidades religiosas, associações e outros.

Fonte: CARLOS, E. DA PAZ. F. Abordagem Fisioterapêutica no Tratamento da Hérnia de Disco. Pós-graduação em Reabilitação em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em Terapia Manual–Faculdade Ávila